terça-feira, 12 de julho de 2011

DEVOCIONAL - Guarde Seu Coração!

Guarde seu coração

A vida é uma selva.
Quem jamais se viu enfiado até o pescoço nas areias mo­vediças de prazos e exigências inadiáveis? Quem jamais travou batalha com irritações piores que crocodilos, nos pântanos lodosos dos compromissos demasiado grandes, das realizações demasiado pequenas, e da exaustão total? Coroando tudo isso há os ataques de surpresa da crítica cruel, que nos assalta como leão faminto, que nos rasga com garras semelhantes às de pan­teras. Só os mais fortes é que sobrevivem. Dentre estes, os que são capazes de detetar o perigo, e conhecem as técnicas de auto-defesa, safam-se nas melhores condições.
Jay Rathman é um destes homens. Ele caçava veados na área de vida selvagem de Tehema, perto de Red Bluff, ao norte da Califórnia, quando escalou a encosta de um precipício granítico, segurando-se à borda. Ao erguer a cabeça para olhar por cima da borda, percebeu um movimento à direita de seu rosto. Uma cascavel enroscada atacou-o com rapidez de relâmpago e por um triz não lhe abocanhou a orelha direita.
"As presas da serpente de 1,20 m enroscaram-se na gola olímpica do suéter de lã de Rathman. A força do ataque fez com que a serpente lhe caísse no ombro esquerdo. Em seguida, ela se lhe enrolou no pescoço.
Rathman agarrou-a por trás da cabeça, com a mão esquerda, podendo sentir o veneno quente a escorrer-lhe pelo pescoço. O guizo agitado produzia um ruído furioso.
O homem caiu para trás, estatelando-se de cabeça para baixo e rolando pela encosta íngreme, através do mato e pedras vulcânicas, seu rifle e binóculo despencando junto.
"Infelizmente", disse Rathman, ao descrever o in­cidente a um oficial do Departamento de Caça e Pesca, "acabei encravado entre as rochas; meus pés ficaram presos, na descida, e lá fiquei eu de cabeça para baixo, quase sem poder mover-me."
Conseguiu pegar o rifle com a mão direita e usou-o para desenroscar as mandíbulas do suéter; mas a co­bra tinha condições de atacar outra vez.
"Ela fez cerca de oito tentativas e conseguiu atingir-me com a ponta do focinho, bem abaixo de meu olho, cerca de quatro vezes. Fiquei com o rosto virado, de maneira que a cascavel não tinha ângulo favorável para enfiar-me as presas; mas a cabeça dela estava bem perto de mim. Eu e a bicha encaramo-nos olho no olho; descobri então que as cobras não piscam. Aquelas presas mais pareciam agulhas amaldiçoa­das... Tive de estrangular a serpente. Não tive outro jeito. Meu receio era que se todo o meu sangue me descesse à cabeça, eu viesse a desmaiar."
Quando Rathman tentou atirar o réptil morto de lado, não o conseguiu.
"Com a mão direita, tive de soltar os dedos da es­querda, um por um, do pescoço da cobra."
Rathman, de 45 anos, trabalha no Departamento de Defesa, em San José. Calcula que seu embate com a serpente tenha durado 20 minutos.
O guarda Dave Smith diz o seguinte, ao registrar seu encontro com Rathman:
"Ele caminhou na minha direção segurando este guizo. Parecia sorrir ao dizer-me: 'Gostaria de regis­trar uma queixa a respeito desta sua vida selvagem aqui.' "
Quando li pela primeira vez esse relato de arrepiar os ca­belos, percebi como o combate de Rathman parece-se tremen­damente com nossa vida diária. No momento mais inesperado somos atacados. Com força traiçoeira, tais assaltos de cascavel têm um jeito de desequilibrar-nos, enquanto se enroscam em nós. Vulneráveis e expostos, podemos facilmente sucumbir diante de tais ataques. Esses assaltos são freqüentes e multi-variados: dores físicas, traumas emocionais, estresse relacio­nai, dúvidas espirituais, conflitos matrimoniais, tentações car­nais, reveses financeiros, assaltos demoníacos, desapontamen­tos profissionais... pam, pam, pam, pam, PAM!
Lutamos encarniçadamente em busca de sobrevivência, sa­bendo que qualquer arremetida do inimigo pode atingir o alvo e inocular o veneno paralisante, imobilizador, que nos deixará incapacitados. Qual é esse alvo, exatamente? O coração? É ele sim, esse órgão onde nasce a esperança, onde se tomam as decisões, onde os compromissos são fortalecidos, onde a ver­dade é armazenada e, principalmente, onde o caráter (essa coisa que nos dá profundidade e nos torna sábios) se forma.
Não é de admirar que o sábio da antigüidade já nos advertia:

"Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho certo o teu coração" (Provérbios 23:19).

A busca do caráter exige que certas coisas sejam mantidas dentro do coração, enquanto outras precisam ser mantidas longe dele. Um coração desguarnecido significa desastre. Um coração bem guarnecido significa sobrevivência. Se você es­pera sobreviver na selva, e vencer em todos os ataques trai­çoeiros, você precisa guardar seu coração.

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