segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Amar dói…
Esta foi a conclusão que cheguei depois de uma conversa com uma amiga quando falavamos da vida. Parece contraditório e eu ainda diria que parece absolutamente inadequado, pelo menos na lógica da sociedade hoje. No mundo em que vivemos amar é estar bem e de bem com a vida e isto envolve diretamente minha satisfação pessoal. Se estou insatisfeito, logo tenho o direito de estar satisfeito, de amar outra ou outro mesmo que isto signifique o abandono de alguém anterior.
Sendo assim, preciso voltar a clássica história do Pequeno Príncipe e usar de suas palavras: somos responsáveis por quem cativamos. Esta responsabilidade trará perdas, sofrimentos, dor, desapontamentos, etc, etc. Sempre chegará o dia numa relação profunda e estável – seja entre amigos, familiares ou amantes – que a outra pessoas o frustrará e o decepcionará. E é neste momento em que amar dói. Pois você precisará decidir por andar mais uma milha ou romper. Ao romper você estará livre desta dor para começar outro relacionamento, mas não se engane a decepção virá novamente. Ao decidir ficar (quando ficar significa permanecer) você precisará dar mais um passo, o passo do verdadeiro amor. Digo verdadeiro porque daí você não está embebido do prazer e da sensação de bem estar, mas estará comprometido em investir naquele, naquela que vale a pena, afinal houve um cativamento. Porém quando este passo for dado você e eu experimentaremos uma liberdade neste amor. Como se fossemos desamarrados de nós mesmos e estaremos livre para construir o que de mais belo possa ser construído, uma relação não pautada numa satisfação própria. Mas ancorado no outro porque amor, na sua mais profunda concepção, só é possível a partir do outro.
Amar dói porque significa renúncia pessoal, sacrifício, dedicação, doar-se, recomeço. E isto dói no nosso ego grande e egoísta onde, nunca satisfeito, reivindica mais prazer e mais auto-satisfação. Então se você quer amar, esteja pronto para sofrer por aquela pessoa que você ama. Aliás esta sempre foi a tônica da Bíblia na sua narrativa de um Deus que nos ama e incessantemente não desiste de nós, sofre com nossa rebelião, nosso descaso e indiferença. Um Deus que de tanto amar se sacrifica. Soa-nos estranho, é verdade, mas é assim, que o sofrimento destila o amor, a entrega purifica-o e a compaixão o embala.
Quem não quiser sofrer que não ame, pelo menos não um amor com “A” maiúsculo. Continue vivendo o amor minúsculo da auto-satisfação e do prazer próprio e da alegria oca do bem estar.
Por Samuel Scheffler
http://samuelsch.tumblr.com/post/9861074036/amar-doi
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