segunda-feira, 26 de abril de 2010

Relato de um Playboy


Domingo passei o dia na Comunidade da Juta. Essa comunidade é aquela que vai ser ajudada pelo Mova-se nos dias 8 e 9 de maio. Chegamos cedo, e confesso que a alegria daquele povo em nos ver foi tocante. Alguém nessa cidade ainda sabe o que é simplicidade com alegria. Não que outros não saibam. Mas aquele povo tem motivos para ser triste e não o é.
A comunidade é vítima de um contraste, como por exemplo a baixa e alta Augusta. Nas ruas de cima casas bonitinhas, com uma pracinha, quase que lembrando uma cidadesinha de interior. Mas nas ruas de baixo, próximas ao corrego, a realidade é um pouco diferente. Casas mal acabadas, algumas de madeirite com o teto parcialmente arruinado pela chuva. Tudo isso com um misto de conformismo, como quem sabe que a vida não vai melhorar. Então esses moradores saem para as ruas dançam, cantam e deixam as crianças na rua jogando bola e brincando de boneca. Estas, talvez, não tenham um futuro muito diferente da realidade dos pais, e bem provável estejam envolvidas com o tráfico em pouco tempo.
No final da tarde, começaram a cair algumas gotas de chuva. Em 15 minutos a chuva apertou e me refugiei dentro de um barraco de uma família muito linda. Começamos a conversar, e quando vimos a chuva já havia feito com que o corrego subisse e a água chegasse até as canelas. Me desmontei. Lembrei da minha casa, Lembrei como minha vida era boa, e como aquelas pessoas precisavam de mim. Fiquei pensando o que deve acontecer em dias de chuvas mais fortes. Minha vontade foi de me mudar para lá. Nunca mais sair de lá. Me desprender e contagiar mais pessoas a olharem para sua própria realidade, e examinar se realmente não existe nada que possa ser feito por suas próprias mãos.
O tráfico de drogas é escancarado. Fui vigiado o tempo todo. Mas não deixei de ser protegido por eles mesmos, que dizem ser nossos amigos, pois estamos levando algo para reerguer a comunidade deles. Nos abraçam, nos tratam bem como se tivéssemos algo que pudesse mudar o futúro deles. De fato, a única coisa que eu tenho que pode mudar a vida deles é Cristo, porque sou um merda. Como pude ter mais que dois pares de tenis? Como pude gastar tanto com roupas? Como pude passar tanto tempo investindo meu dinheiro nos meus sonhos? É uma decisão. Nos dias do Mova-se eu levarei meu guarda-roupas para a Juta, e ficarei só com o necessário. Não para me gabar, mas para ver a alegria daquelas crianças ao receberem uma roupa nova. Para provar para elas que elas podem sim melhorar de vida.
É uma promessa. Todas as vezes que eu sentir vontade de comer algo caro, eu vou pegar esse dinheiro e levar para aquelas famílias. Não quero mais me apegar à realidade mediocre em que muitos de nós vivemos. Você sabia que precisamos de pouco dinheiro? Temos perto de 1500 seguidores no Twitter e se cada um pudesse dar R$ 1,00 , nós já poderíamos levar tudo que gostaríamos para aquela comunidade.
Mas continuamos dando valor a coisas inúteis. E eu me incluo nisso. Como sou egoísta, como sou imbecil. Esse é um desabado, e que ele esteja longe de ser manipulador. Talvez eu nem publique isso. As pessoas podem olhar e pensar “Com uma casa como a dele, com um carro como o dele é facil dizer tudo isso”. Talvez sim, mas se você me conhece. vai entender o por que de todos os meus questionamentos.
Como colocar em prática o “amar ao próximo como a ti mesmo”? Como viver em comunidade dentro do Capitalismo? Como viver a sombra do que Jesus queria que fossemos? Socialismo? Não. Quero abrir mão do que é meu independente da realidade política da minha sociedade. Quero fazer com que as pessoas vejam em mim a iniciativa do que prego. Como posso fazer parte de algo como o “Amor É Um Movimento”, sendo que não vivo nem 20% do que prego?
Há uns anos meu pai falou que nunca mobilizou um povo, sem que ele mesmo desse o primeiro passo. Se eu precisar dar o primeiro passo pra que meus companheiros de ONG, ou meus irmãos em Cristo, ou os leitores consigam dar também, ele está dado. Que seja trabalho de formiga. Mas aos poucos podemos nos tornar milhões. E em breve poderemos contagiar muitos. E se a dinamite precisa de fósforo para ser acesa, eu que me exploda. Eu quero mais é que minha vida seja sacrificada para servir de exemplo aos que precisam tomar iniciativas. Deus nunca me deixou faltar nada. Que Ele comece a deixar, para que eu entenda que “Tudo posso naquele que me fortalece” não quer dizer que eu posso o que eu quiser. E se você ler esse texto em Filipenses 4, vai entender que você pode sim todas as coisas naquele que te fortalece, e todas as coisas implica em: Fome, Miséria, Fartura, Riqueza, Tristeza, Agonia, Alegria e Paz. É isso que o texto quer dizer. Que por qualquer situação você pode passar, se aquele que te fortalece estiver do seu lado;
Peço sem mais demoras que você se mova. Faça alguma coisa. Páre de discursos repetitivos. Estou cansado da grande massa que acha bonita a pregação de negar-se a si mesmo, mas que nunca o faz, de fato. A realidade iminente é que o fósforo foi aceso, você pode ser dinamite?


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